Fim do ICMS Ecológico preocupa especialistas

Reserva Natural Salto Morato, criada e mantida pela Fundação Grupo Boticário, garante recursos do ICMS Ecológico para o município de Guaraqueçaba (PR)

Reserva Natural Salto Morato, Guaraquecaba, Parana, Brasil, foto de Ze Paiva, Vista Imagens.

Salto Morato, Reserva Natural Salto Morato, Guaraquecaba, Parana, Brasil, foto de Ze Paiva, Vista Imagens.

ICMS-E contribui com a recuperação de áreas degradadas e a prevenção a desastres ambientais, além de ampliar a possibilidade de negócios sustentáveis, como o turismo

A Reforma Tributária aprovada na Câmara dos Deputados em julho substitui o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) por um novo tributo, o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS). A mudança reduz a autonomia dos estados na divisão dos recursos e pode significar o fim do ICMS Ecológico (ICMS-E), regra que estimula as prefeituras a manterem áreas naturais bem conservadas em seus territórios, nos estados que possuem o regramento. O tema é visto com muita preocupação por especialistas, que temem retrocessos nos esforços de conservação em curso, especialmente na Mata Atlântica, o bioma mais ameaçado do Brasil, caso o Senado mantenha o texto aprovado na Câmara.

“Será um grande erro se o ICMS-E for extinto, como prevê o PL da Reforma aprovado na Câmara”, afirma Carlos Eduardo Young, membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza e professor titular e coordenador do Grupo de Economia do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (GEMA) da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Young ressalta que ao longo de quase 30 anos o ICMS-E tem estimulado ações de conservação da natureza. “Além de reduzir os custos com recuperação de áreas degradadas, desastres ambientais e serviços de saúde, o ICMS-E tem o mérito de ampliar a possibilidade de negócios sustentáveis, como turismo e as cadeias produtivas da sociobiodiversidade”, diz. Para ele, é um ciclo virtuoso que gera receitas para os municípios, empregos verdes e qualidade de vida para a população.

O possível fim do ICMS-E pode ter grande impacto na arrecadação nos municípios paranaenses da Grande Reserva Mata Atlântica (GRMA), maior remanescente contínuo do bioma no Brasil, localizado em parte do litoral e Serra do Mar dos estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Para se ter uma ideia, o município de Guaraqueçaba (PR) arrecadou mais de R$ 25 milhões nos últimos quatro anos (2019 – 2022) a partir do mecanismo, valor que engloba a maior parte de toda a arrecadação municipal.

Apenas em 2022, estima-se que as prefeituras dos municípios paulistas e paranaenses da GRMA tenham recebido repasses de cerca de R$ 130 milhões, de acordo com levantamento do Instituto A Mudança que Queremos (Iamuque) a partir de dados oficiais.

Atualmente, a regra que permite o repasse maior do ICMS para municípios comprometidos com a conservação da natureza é regulamentada em 17 estados do Brasil. Os especialistas ressaltam que a modernização da tributação é benéfica para o país, mas apontam a necessidade de encontrar soluções e novos mecanismos para manter o incentivo à conservação da natureza.

A Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN) coloca à disposição para entrevistas:

Carlos Eduardo Young – membro da RECN e professor titular e coordenador do Grupo de Economia do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (GEMA) da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Emerson Oliveira – gerente sênior de Conservação da Biodiversidade da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza.

Sobre a Rede de Especialistas em Conservação da Natureza

A Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN) reúne cerca de 80 profissionais de todas as regiões do Brasil e alguns do exterior que trazem ao trabalho que desenvolvem a importância da conservação da natureza e da proteção da biodiversidade. São juristas, urbanistas, biólogos, engenheiros, ambientalistas, cientistas, professores universitários – de referência nacional e internacional – que se voluntariaram para serem porta-vozes da natureza, dando entrevistas, trazendo novas perspectivas, gerando conteúdo e enriquecendo informações de reportagens das mais diversas editorias. Criada em 2014, a Rede é uma iniciativa da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. Os pronunciamentos e artigos dos membros da Rede refletem exclusivamente a opinião dos respectivos autores. Acesse o Guia de Fontes em www.fundacaogrupoboticario.org.br

Sobre a Rede de Especialistas em Conservação da Natureza

A Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN) reúne cerca de 80 profissionais de todas as regiões do Brasil e alguns do exterior que trazem ao trabalho que desenvolvem a importância da conservação da natureza e da proteção da biodiversidade. São juristas, urbanistas, biólogos, engenheiros, ambientalistas, cientistas, professores universitários – de referência nacional e internacional – que se voluntariaram para serem porta-vozes da natureza, dando entrevistas, trazendo novas perspectivas, gerando conteúdo e enriquecendo informações de reportagens das mais diversas editorias. Criada em 2014, a Rede é uma iniciativa da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. Os pronunciamentos e artigos dos membros da Rede refletem exclusivamente a opinião dos respectivos autores.


Notice: ob_end_flush(): Failed to send buffer of zlib output compression (0) in /home3/juliot96/public_html/wp-includes/functions.php on line 5464