Por Sebastião Donizete Santarosa

Acabo de receber a mensagem indignada de um professor da escola pública do estado do Paraná:

“Que porra é essa?! Agora a direção de minha escola fez um horário pras pedagogas avaliarem nossas aulas! E ainda dizem que é preciso usar metodologias ativas! Cacete, a escola tá uma zona, cada aula é uma guerra, a meninada perdida, um monte de aluno que mal sabe lê, incapazes de se concentrarem por mais de dois minutos, uma gritaria geral, todo mundo perdido, diretor, pedagogo, diretor, tutor, ninguém parece saber nada. Agora essa?! Só no nosso. Não é culpa minha que a escola tá assim, cacete. Não dá, não dá! Estou no limite. Não dá mais.”

Correto. Assino junto. Já não dá mais.

Os permanentes improvisos, o sucateamento estrutural, a falta de recursos humanos, as salas de aula super-lotadas, as orientações pedagógicas confusas, a imposição arbitrária de metodologias e de tecnologias, a desvalorização dos profissionais da educação, as mentiras, as práticas de assédio, tudo somado… estão transformando nossas escolas em espaços confusos, instáveis e inseguros, espaços embrutecedores e doentios.

O mais absurdo de tudo isso, orientação que beira à crueldade, é a SEED cobrar desempenho individual dos professores, como se eles, puxando-se pelos próprios cabelos, pudessem sair desse buraco em que foram jogados pelo desgoverno Ratinho Júnior através dos desmandos do secretário Renato Feder.

É preciso dizer com todas as letras: os culpados pelo caos que reina nas escolas do Paraná não são os educadores e muito menos os estudantes! Tanto uns quanto os outros são vítimas da irresponsabilidade da gestão da educação pública promovida pelo governo Ratinho Júnior.

Avaliar estudantes, fiscalizar aulas de professores, cobrar pedagogos e pressionar diretores são ações que irão apenas aumentar as tensões e os graves problemas que estamos vivendo. Não é assim que se faz educação, não é assim que se lida com gente.

Ser professor no Paraná hoje, manter-se em pé nas salas de aula, já é um ato de heroísmo. Graças a resistência de muitos educadores, heróis de verdade, as escolas, mal e porcamente, ainda estão funcionando, ainda mantêm lampejos de vida. Mas, como diz o professor na mensagem que recebi, estamos no limite, no limite, entendem? Olha a voz que me resta, olha a veia que falta, por favor, qualquer desatenção, faça não, pode ser a gota d”água, pode ser a gota d’água… E será!

O secretário de educação do Paraná está promovendo estragos profundos em nossas escolas. Aqui, no estado do Paraná,, educação virou caso de saúde pública, está virando caso de polícia.

Professor Sebastião Donizete Santarosa, é professor na região metropolitana de Curitiba

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