Por Sebastião Donizete Santarosa

Um sindicato, quando se distancia de sua base, quando deixa de orientá-la e de organizá-la para luta em defesa das condições de trabalho de seus filiados, está correndo o sério risco de transformar-se em uma associação.

A APP-Sindicato, na prática, infelizmente parece ter deixado de ser Sindicato para retroceder à condição de Associação dos Professores do Paraná, tal como se configurava antes do processo de redemocratização do país. Além de toda a omissão diante dos perversos ataques que nossa categoria vem sofrendo dos últimos governos, agora nosso sindicato passou a servir como verdadeiro balcão de venda de convênios oferecidos por empresas privadas.

Observem a página da APP.

Em resposta ao processo de adoecimento dos trabalhadores da educação provocado pelas péssimas condições de trabalho e a ineficiência do SAS, a atual direção oferece um suposto desconto aos filiados que aderirem a um plano de saúde privado.

Em resposta aos inúmeras casos de adoecimento mental, oferece convênios com descontos em consultórios particulares de psicoterapia.

Em resposta à defasagem salarial e à consequente perda do poder de compra dos educadores do Paraná, oferece convênios de descontos em óticas, agências de viagens, etc…

Como sabemos muito bem, esses descontos não são verdadeiros. O mesmo percentual oferecido aos filiados é dado também a outros clientes desses prestadores de serviços. Na verdade, o sindicato acaba sendo usado para vender serviços de terceiros a seus filiados como se isso fosse lhes trazer algum benefício. Essa estratégia tenta escamotear nossos problemas. Ela é usada apenas para tentar evitar críticas à incapacidade da atual direção de organizar a categoria na luta em defesa da dignidade e dos direitos que estão, um a um, sendo-lhe subtraídos.

Não quero um sindicato que me venda planos de saúde. Quero um sindicato que me ajude a combater os fatores de adoecimento existentes em meu local de trabalho e que me ajude a lutar por um atendimento público de saúde de qualidade.

Não quero um sindicato que me indique um terapeuta mais barato para cuidar de minha ansiedade, de minha depressão ou de minha síndrome do pânico. Quero um sindicato capaz de organizar a luta para que eu e meus companheiros sejamos tratados com respeito e dignidade no exercício de nossa profissão.

Não quero um sindicato que me dê um cartão de desconto na lojinha da esquina ou um vale desconto na agência de viagem. Quero um sindicato que lute, dia e noite, incansavelmente, na organização da categoria para que nossos salários não sejam defasados, pelo contrário, que tenham ganhos reais para que, como educadores, possamos também desfrutar das riquezas produzidas em nossa sociedade.

Quero um sindicato de base, de luta, unido e forte na defesa da escola pública e de nossas condições de trabalho e de vida. Não quero que meu sindicato volte a ser uma associação e se constitua em um balcão de negócios, sejam eles de políticos ou de mercadores.

Sou chapa dois. Sou APP no Chão da Escola – Oposição Alternativa.

 

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