Ser capaz de contar sua história pessoal e profissional em uma narrativa coesa pode fazer a diferença entre conseguir ou não aquela vaga de emprego em um processo seletivo. De acordo com o executivo de vendas do Facebook, mentor de carreiras e autor do livro: “Seja egoísta com sua carreira”, Luciano Santos, a maneira como falamos sobre nosso passado profissional diz muito sobre nós mesmos e sobre a nossa carreira, além de ser uma ferramenta poderosa para nos conectarmos com o entrevistador. “Nós, seres humanos somos programados para contar e ouvir boas histórias e isso vale também em uma entrevista de emprego”, diz.

Segundo o mentor de carreiras, uma narrativa convincente tem mais chances de ocorrer se o candidato à vaga souber o que colocar e o que retirar de sua própria história. “Muitos profissionais removem experiências riquíssimas porque acreditam que não são relevantes. Outros desvalorizam e chegam a dar uma conotação negativa para conquistas importantes”, comenta.

Santos ressalta que praticamente tudo em que investimos energia e tempo nos ensina algo. Desse modo, conforme ele, devemos, sempre que possível, dar conotação positiva a essas lições. “Precisamos valorizar nossa história”, afirma. O mentor pondera que aquela troca de faculdade no meio do caminho e aqueles anos em que ficou em um trabalho que não queria não precisam ser sentidos e, mais do que isso, destacados em uma entrevista de emprego como fracassos. “Procure ressaltar o que você aprendeu com estas experiências e como elas foram importantes para você amadurecer e reunir forças para dar o próximo passo em sua carreira”, comenta.

Da mesma maneira, atividades extracurriculares aparentemente não relacionadas à vaga em questão não precisam ser apagadas da narrativa, podendo ser contadas com orgulho, ganhando destaque positivo. “Fez um curso de dois anos bem intenso de teatro? Conte como aprendeu a se comunicar e se expressar melhor e como usa o aprendizado para se conectar com clientes. Organizava a banda da igreja? Conte dos seus maiores desafios e vitórias enquanto participou disso”, recomenda Santos.

Conforme o escritor, boas narrativas servem para dar novas perspectivas a qualquer fato da trajetória pessoal e profissional, inclusive em vícios de processos seletivos dos quais ninguém está isento de ter. O mentor de carreiras conta que não raramente profissionais chegam a ele com a preocupação de ficar pouco tempo no emprego e “sujar a carteira de trabalho”. “Eles querem sair de onde estão há apenas alguns meses e ficam paralisados sem saber como justificar a saída e com medo de manchar o currículo. Sempre que alguém me apresenta essa preocupação, eu falo para que se prepare e construa uma boa narrativa para explicar por que tomou essa decisão e movimentação”, diz.

Mas o desenvolvimento de uma narrativa coesa e convincente requer muita prática. Nesse sentido, Santos aconselha uma série de exercícios para aprimorar a maneira de contar sua história profissional e assim melhorar as chances de ser admitido. O objetivo é criar diversas narrativas para serem apresentadas ao entrevistador, para não ser pego de surpresa. “Sempre aconselho todos a ter uma que caiba em cinco minutos, outra em dez e assim por diante”, diz.

Como primeiro exercício, o mentor de carreiras sugere listar de três a cinco eventos pessoais e profissionais que aconteceram em sua vida, desde a faculdade ou a partir do início de sua vida profissional. “Não cite apenas os acontecimentos que considera relevantes, mas todos os que dispendeu tempo e energia”, orienta. Feita a lista, Santos recomenda que a pessoa reflita sobre todos eles. “Pense no que aprendeu, se essas experiências fizeram de você uma pessoa mais forte e se foi desenvolvida alguma habilidade”, indica.

Após definir os eventos que pretende contar e meditar bastante sobre eles, só aí, de acordo com o mentor de carreiras, a pessoa deve partir para a preparação do que irá relatar. “Crie pequenas histórias sobre cada fato que possam ser contadas em tempo de um a dois minutos, considerando os aprendizados e as descobertas”, declara. Por fim, Santos recomenda a união de todas essas pequenas histórias em uma narrativa única, testando o produto final. “Fale diante do espelho, grave no celular, chame algum amigo ou familiar para escutar e dar feedback”, ressalta.

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