Trump concedeu perdão a 17 aliados nas últimas 12 horas de seu governo, incluindo o ex-estrategista Steve Bannon

Em seu penúltimo dia na Presidência dos EUA, Donald Trump usou seu poder para conceder perdão a aliados, como seu ex-estrategista-chefe Steve Bannon e Elliott Broidy, responsável por captar recursos para a campanha do agora ex-presidente.

Os acusados e condenados receberam as concessões presidenciais a menos de 12 horas do fim do governo. Em análise, o “The New York Times” aponta que as concessões ressaltam dois pontos centrais sobre o bilionário que liderou o Executivo em Washington a partir de 2017.

O primeiro seria a disposição de Trump em usar seu poder para ajudar aliados – e manter conexões que possam favorecê-lo. A medida pode ser favorável para recuperar eventuais danos à sua imagem depois da invasão ao Capitólio, no dia 6.

O outro ponto explicita uma última manobra de Trump para defender-se dos sistemas jurídico e criminal dos EUA, a quem acusa de mobilizar uma perseguição contra si e seus apoiadores.

Ao todo, Trump concedeu perdão e comutou penas a 143 aliados – a grande maioria realizada em dezembro. A seguir, listamos os últimos nomes favorecidos.

Steve Bannon

Bannon foi indiciado por mau uso de recursos em uma arrecadação para construir o muro na fronteira entre EUA e México. Ainda sem julgamento, o ex-estrategista da Casa Branca demorou a conquistar o perdão de Trump, com quem tem hoje uma relação complexa.

Em um histórico de idas e vindas, Bannon foi um dos líderes nos bastidores da campanha de Trump em 2016. A relação começou a se deteriorar assim já no início do mandato, e Bannon deixou o governo em agosto de 2017.

O ex-estrategista deu entrevista ao polêmico livro escrito por Michael Wolff sobre a política dos EUA, “Fogo e Fúria” (ed. Objetiva, 384, págs., R$ 9,90) e lançou críticas ao filho do presidente, Donald Trump Jr. Em 2020, Bannon se reaproximou de Trump ao apoiar sua reeleição.

Elliott Broidy

No outubro, Broidy confessou ter conspirado para violar as leis de lobby estrangeiro como parte de uma campanha para influenciar o governo norte-americano em nome dos interesses chineses e malaios.

No esquema, Broidy teria recebido US$ 9 milhões do financista malaio fugitivo Jho Low. O objetivo seria pressionar Washington a extraditar um dissidente chinês e retirar uma acusação de apropriação indébita sobre Jho.

O empresário da Califórnia foi um dos principais arrecadadores de fundos para a campanha de Trump em 2016. Depois, foi indicado como vice-presidente de finanças do Comitê Nacional Republicano.

Outros processos envolvem o genro de Trump, Jared Kushner, em um esquema para oferecer suborno em troca de clemência para um criminoso fiscal condenado. Uma audiência agendada para 12 de fevereiro deveria definir a sua condenação.

Outros perdoados

  • Rick Renzi, condenado em 2013 a três anos de prisão por associação em esquem de suborno em acordo de trocas de terras no Arizona
  • Robert Hayes, confessou culpa ao mentir para o FBI (Departamento Federal de Investigações dos EUA, em inglês) em 2019
  • Randall Cunningham, confessou culpa em 2005 por aceitar US$ 2,4 milhões em subornos de empreiteiros militares
  • Dwayne Michael Carter Jr (Lil Wayne), rapper, confessou culpa em dezembro por posse ilegal de armas
  • Bill Kapri (Kodak Black), condenado em 2019 a quatro anos de prisão após confessar culpa por mentir ao tentar comprar armas
  • Ken Kurson, amigo e sócio de Jared Kushner, preso em 2020 sob acusação de perseguição cibernética
  • George Gilmore, corretor de energia condenado em janeiro de 2020 por sonegação fiscal e falsidade ideológica em pedido de empréstimo
  • Anthony Levandowski, ex-executivo da Uber confessou ter roubado planos de carros sem motorista quando deixou o Google para formar a própria empresa
  • Robert Zangrillo, incorporador imobiliário de Miami acusado de conspirar para subornar a Universidade do Sul da Califórnia para incluir sua filha na equipe de tripulação
  • Aviem Sella, ex-oficial da Força Aérea de Israel indiciado pelos EUA em 1987 por espionagem militar

Sentenças comutadas

  • Kwame M. Kilpatrick, democrata e ex-prefeito de Detroit condenado em 2013 por usar o escritório para enriquecimento pessoal. Acusações incluem extorsão, propina e esquema de manipulação de licitações
  • William T. Walters, jogador condenado em 2017 a cinco anos de prisão por integrar esquema de negociação com informações privilegiadas
  • Salomon E. Melgen, oftalmologista e importante doador democrata dirigia clínicas fraudulentas na Flórida. A comutação abrange o restante de sua sentença de prisão
  • Sholam Weiss, condenado a mais de 800 anos de prisão em 2000 por extorsão, fraude eletrônica e lavagem de dinheiro em um grande esquema de seguros. A comutação abrange o restante de sua sentença de prisão
  • Eliyahu Weinstein, condenado a 20 anos de prisão em 2014 por esquema imobiliário que resultou em perdas de até US$ 200 milhões. A comutação abrange o restante de sua sentença de prisão

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