Abiy Ahmed negava a existência de tropas da Eritreia em Tigré; movimento sinaliza avanço para encerrar violência na região

O primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, garantiu na sexta (26) que retirará as tropas da vizinha Eritreia do conflito de Tigré. A medida representa um avanço para encerrar a violência que perdura desde novembro.

Abiy viajou à capital eritreia Asmara na quinta-feira para se encontrar com o presidente Isaias Afwerki. Até terça (23), o primeiro-ministro etíope vencedor do Nobel da Paz em 2019 negava que tropas eritreias estivessem no país.

“O governo da Eritreia concordou em retirar suas forças da fronteira com Tigré”, escreveu Ahmed no Twitter. “A Força de Defesa Nacional da Etiópia assumirá a guarda das áreas de fronteira imediatamente”.

O primeiro-ministro reconheceu que as tropas eritreias ocuparam apenas as áreas ao longo da fronteira entre os dois países – supostamente abandonadas pelos soldados etíopes.

Organizações como a Anistia Internacional e a Human Rights Watch, porém, acusam o exército vizinho de matar centenas de civis em um massacre na cidade de Axum, em Tigré, em novembro, e outras cidades da região.

“Acordo inútil”

Líderes políticos de Tigré disseram ao “The Guardian” que o acordo é “inútil sem um órgão regulador internacional para verificar”. A região segue completamente fechada para jornalistas ou observadores do exterior.

As forças de Adis Abeba tomaram o controle de Tigré em novembro de 2020 depois de culpar a TPLF (Frente de Libertação do Povo Tigré), que domina a região, por “desobediência civil” após prosseguir com uma eleição local que havia sido adiada pelo governo federal e por atacar acampamentos do Exército.

Foi o início de uma disputa violenta no governo de Abiy Ahmed, agraciado com o Nobel da Paz de 2019 por reaproximar os países vizinhos após 20 anos de confrontos. O acordo de paz não reduziu as diferenças entre a Eritreia e o TPLF, que continuaram adversários.

Enquanto isso, o conflito continua a gerar intensos deslocamentos, a maioria para o Sudão. A desnutrição também ganhou espaço, apesar da recente entrega de cestas básicas a cerca de um milhão de pessoas. Ainda não se sabe quantos milhares de civis ou soldados foram mortos desde que as forças federais da Etiópia invadiram Tigré.

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