Polêmica escancara a realidade alarmante da violência policial no Brasil
A declaração do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, ironizando a denúncia da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a letalidade policial no Brasil, gerou uma onda de polêmica e indignação.
Em uma entrevista coletiva, Tarcísio afirmou: “Não estou nem aí para o que a ONU diz. Eles não sabem o que acontece aqui no Brasil”.
Essa postura desdenhosa do governador escancara a alarmante realidade da violência policial no país. Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública revelam que, em 2022, foram registradas 6.220 mortes por intervenção policial no Brasil, um aumento de 7,9% em relação ao ano anterior.
A letalidade policial é particularmente preocupante entre jovens negros. Segundo o estudo “Mortes Violentas de Jovens no Brasil”, realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), 77% das vítimas de homicídios cometidos por policiais em 2021 eram negras.
A impunidade também é um problema grave. Um relatório da Rede de Observatórios da Segurança Pública aponta que, em 2021, apenas 7,7% dos casos de mortes por intervenção policial resultaram em condenações.
A declaração de Tarcísio ignora essa realidade brutal e demonstra uma falta de compromisso com os direitos humanos. A ONU tem um papel fundamental na denúncia de violações de direitos e na promoção da justiça.
A ironia do governador também é uma afronta às famílias das vítimas de violência policial. Para elas, a ONU representa uma esperança de responsabilização e reparação.
É essencial que as autoridades brasileiras reconheçam a gravidade da letalidade policial e tomem medidas concretas para combatê-la. Isso inclui fortalecer os mecanismos de investigação, responsabilizar os policiais envolvidos em abusos e promover políticas de redução de danos.
A declaração de Tarcísio é um lembrete sombrio de que a violência policial no Brasil é um problema sistêmico que precisa ser enfrentado com urgência. A impunidade e a falta de vontade política em lidar com essa questão estão custando vidas e minando a confiança da população nas instituições de segurança.