Polarização um ano após a eleição mostra governo Lula sem “trégua” da oposição
Um ano após a última eleição presidencial, a polarização entre apoiadores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ainda persiste.
Em setembro deste ano, pesquisa divulgada pelo Datafolha apontou que 38% dos eleitores avaliam o governo de forma positiva, e 31% de forma negativa. Com poucas variações, o quadro lembra a aprovação de Bolsonaro medida pelo instituto em agosto de 2019. À época, 29% consideravam a gestão ótima ou boa; para 38%, era ruim ou péssima.
O fatiamento do eleitorado em três porções de tamanhos semelhantes, com 30% dos consultados avaliando os dois governos como regulares, difere do que ocorreu em gestões anteriores.
Nos primeiros mandatos de Fernando Henrique Cardoso, Dilma Rousseff e do próprio Lula, ao menos quatro em cada dez eleitores apontavam um quadro positivo no início de gestão, e apenas um a reprovava. Outro levantamento, da Genial/Quaest, divulgado em outubro, mostra que 64% dos eleitores apontaram haver uma maior divisão do País hoje.
O percentual é maior entre apoiadores de Bolsonaro: 84% consideram o Brasil mais desunido.
Em entrevista à Rádio Eldorado, o cientista político Josué Medeiro, que também é professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), definiu como “novo normal” o atual processo de polarização política, mas apontou que as raízes ocorreram há quase 10 anos, com uma mudança de comportamento dos eleitores do candidato derrotado.
“Houve esse padrão de trégua com o eleito até 2014. Aquele sentimento de não vou torcer contra o país”, afirmou.