Programa Mundial de Alimentos busca US$ 10,5 milhões em doações para fornecer assistência a desalojados no país

O Programa Mundial de Alimentos deve ajudar 750 mil deslocados pela violência no norte de Moçambique, bem como pessoas vulneráveis nas comunidades de acolhimento.

Apesar dos desafios logísticos e de segurança, essa ajuda será distribuída nos próximos meses nas províncias de Cabo Delgado, Nampula, Niassa e Zambézia. Desde 2017, Cabo Delgado se tornou o centro de um confronto entre grupos estatais não-armados e extremistas islâmicos e tropas do governo de Moçambique.

Somente o ataque à cidade de Palma, no final de março, deixou cerca de 50 mil civis precisando de assistência urgente. O PMA estima que 23 mil pessoas ficaram para trás.

Agora, a agência precisa de US$ 10,5 milhões por mês para fornecer ajuda. Nos próximos 12 meses, serão necessários US$ 98 milhões.

A agência da ONU tem trabalhado tanto com os deslocados internos como com as comunidades de acolhimento à medida que o conflito se intensifica. Até o momento, os ataques já deslocaram mais de 668 mil pessoas.

Relatos

Uma dessas pessoas é Maria, que está em um centro de acomodação temporário em Pemba, capital de Cabo Delgado, com os dois filhos, depois de uma viagem de barco de 400 km que durou 24 horas.

Lembrando o ataque de 24 de março em Palma, ela contou que estava em casa, por volta das 16h, quando ouviu “tiros de longe seguidos de gritos.” Ela correu para o quintal, agarrou seus dois filhos e fugiu para o mato.

Já Domingos, pai de três crianças, teve de deixar tudo para trás. Para sobreviver, ele e a família entraram no matagal, onde passaram três dias escondidos, sem comida ou água. Para ele, “a pior parte foi ouvir os tiros e gritos” enquanto imaginavam se seriam atacados em seguida.

A família conseguiu chegar à península de Afungi e, mais tarde, apanharam um barco até Pemba. Para Paula, mãe de dois filhos, a situação não foi tão boa. Ela e as criança foram para Pemba, mas o marido ainda está em Afungi esperando para se juntar à família.

Para a representante do PMA no país, Antonella D’Aprile, “esta é uma catástrofe humanitária de proporções épicas.” As pessoas “estão completamente traumatizadas com a violência que testemunharam em Moçambique, mais do que nunca, precisam de ajuda.”

Resposta

Em resposta, o PMA está fornecendo assistência alimentar de emergência, incluindo biscoitos fortificados e rações de arroz, leguminosas, óleo vegetal, alimentos enlatados como sardinha e feijão e água.

O Serviço Aéreo Humanitário da ONU, administrado pelo PMA, já evacuou 380 civis em necessidade desesperada, incluindo mulheres, crianças e pessoas feridas.

Por questões de segurança, o PMA suspendeu temporariamente os voos de Afungi para Pemba, mas o serviço continua apoiando outras operações no norte de Moçambique.

 

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