Notre-Dame de Paris ganha nova escultura do galo de ouro, marco do renascimento da catedral
A estátua de um galo de ouro ocupa novamente o topo da Notre-Dame de Paris, novo símbolo da catedral devastada pelas chamas em 2019 e que deverá reabrir dentro de menos de um ano. A peça emblemática foi abençoada na tarde deste sábado (16) pelo arcebispo de Paris, monsenhor Laurent Ulrich e, em seguida, foi transportada num guindaste até o topo da igreja, aos 96 metros de altura.
Trata-se de um novo galo de ouro, desenhado pelo arquiteto-chefe dos monumentos históricos franceses, Philippe Villeneuve. A escultura anterior ficou muito danificada durante o incêndio que devastou, no dia 15 de abril de 2019, o monumento mundialmente associado a Paris, quase tão conhecido quanto a Torre Eiffel.
“Comovido”, Philippe Villeneuve descreveu que o novo galo “tem asas de fogo”, que “nos lembra que a catedral pode ressurgir das cinzas como a fênix”.
No Cristianismo, o galo simboliza o retorno da luz após a noite. Mas o galináceo também é muito simbólico para os franceses, que têm o animal estampado nas camisas das seleções nacionais de futebol e de rugby, por exemplo.
Este novo galo da catedral contém relíquias salvas do fogo, preciosas para os católicos. A escultura ganhou também um tubo lacrado, com os nomes de quase duas mil pessoas envolvidas na reconstrução da catedral.
“Uma aventura humana”
É “uma aventura humana sem paralelo”, saudou Philippe Jost, que dirige o estabelecimento público responsável pelo projeto.
No dia 8 de dezembro, o presidente francês, Emmanuel Macron, esteve lá, um ano antes da data prevista para a reabertura da catedral, para a qual pretende convidar o Papa Francisco. O presidente da República anunciou que o antigo galo iria ocupar o seu lugar num “museu da obra de Notre-Dame de Paris”, que será inaugurado nas proximidades, na Île de la Cité.
O incêndio ocorrido em 2019, que devastou parte do monumento em estilo gótico, e a queda da agulha da catedral, ao vivo nos canais de notícias e redes sociais, causaram uma comoção global. E uma manifestação de solidariedade igualmente significativa: € 848 milhões em donativos provenientes de todo o mundo financiaram a restauração da Notre-Dame de Paris.
O mês de dezembro foi decisivo para o avanço das obras. No dia 6, a catedral teve reinstalada a sua cruz, fixada no topo da sua agulha, cuja silhueta pode ser vista atrás dos andaimes.
O próximo passo é o da cobertura de chumbo da agulha, assunto que suscita numerosos debates, mas Philippe Jost quis recentemente tranquilizar a Comissão de Assuntos Culturais da Assembleia Nacional.
Objetivo: 14 milhões de visitantes
O diretor explicou que “a nuvem de chumbo que se seguiu ao incêndio, e que gerou intensa polêmica e reclamações dos moradores locais, não causou qualquer contaminação visível”. Ele acrescenta que um novo “sistema experimental para tratamento de águas residuais” foi implantado “a fim de implementar o projeto mais adequado a longo prazo”.
Durante as Olimpíadas de Paris no verão de 2024 (de 26 de julho a 11 de agosto), espera-se que a torre e a silhueta familiar da Notre-Dame, atualmente cercada por andaimes e ladeada por guindastes, estejam disponíveis para os olhos dos visitantes. Entretanto, a previsão de reabertura é em 8 de dezembro de 2024, quando a Notre-Dame de Paris deverá ter capacidade para receber 14 milhões de visitantes, dois milhões a mais do que antes do incêndio.
Jost prometeu ainda um sistema inovador de combate a incêndios na catedral.