“Juntos somos mais fortes”, diz Lula na Cúpula do Mercosul

No encontro de líderes do bloco no Rio de Janeiro, presidente ressalta acordo de livre-comércio com Singapura e adesão da Bolívia como conquistas significativas

O presidente Lula durante a Cúpula do Mercosul no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro: estreitar parcerias. Foto: Ricardo Stuckert / PR

Tenho há décadas a consciência de que, qualquer que seja o presidente que governar os nossos países, temos que ter a consciência de que juntos somos mais fortes, separados somos mais fracos”

Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República

Opresidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, destacou nesta quinta-feira, 7 de dezembro, na abertura da Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, que juntos os países da região são mais fortes. O encontro dos líderes do bloco ocorre no Rio de Janeiro sob a Presidência ‘pro tempore’ brasileira.

“Tenho há décadas a consciência de que, qualquer que seja o presidente que governar os nossos países, temos que ter a consciência de que juntos somos mais fortes, separados somos mais fracos”, afirmou Lula na reunião, ao lado dos presidentes da Argentina, Alberto Fernández; da Bolívia, Luis Arce; do Paraguai, Santiago Peña; e do Uruguai, Luis Lacalle Pou.

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No contexto das relações extrarregionais, o presidente Lula destacou o estabelecimento do acordo de livre-comércio Mercosul-Singapura. Trata-se do primeiro acordo do tipo do bloco em mais de dez anos e o primeiro com um país asiático. “É um estímulo para a gente acreditar que as coisas vão dar certo. Um passo importante”, disse.

BOLÍVIA – Lula também celebrou a adesão da Bolívia ao bloco. “A entrada deles é uma conquista importante para o Mercosul, que passará a contar com 283 milhões de pessoas e um PIB de US$ 4,8 trilhões. Não é um PIB qualquer, é importante”, frisou o presidente brasileiro.

O líder brasileiro ressaltou que, com essa adesão, que ainda depende da aprovação do Protocolo de Adesão pelo Legislativo boliviano, a região está perto de realizar o sonho de integração entre os oceanos Atlântico e Pacífico. Ele antecipou que o governo brasileiro vai apresentar um programa de estruturação de ligação dos países do continente, com ferrovias, rodovias, hidrovias e aeroportos. “Vamos ter uma boa quantia de dinheiro para poder cumprir esse sonho, finalmente, da nossa integração física”, afirmou.

SOCIEDADE CIVIL – Antes do encontro dos chefes de Estado, entre os dias 4 e 5 de dezembro, foi realizada a Cúpula Social do Mercosul, com participação de mais de 300 pessoas da sociedade civil. Lula comemorou a retomada da participação social presencial após sete anos de interrupção. E recomendou ao presidente paraguaio que continue a promover a iniciativa quando assumir a Presidência ‘pro tempore’ do bloco. “Essa gente representa o que temos de vivo na nossa sociedade e que vão nos ajudar, porque são os trabalhadores, são as pessoas da saúde. Então, é bom tratá-los com muito carinho”, defendeu Lula.

encaminhamento pacifico dessa questão”, disse, completando que o Brasil estará à disposição para sediar quantas reuniões forem necessárias.

“Uma coisa que não queremos aqui na América do Sul é guerra. Nós não precisamos de guerra, de conflito. O que precisamos é construir a paz, porque somente com muita paz a gente pode desenvolver o nosso país, gerar riqueza e melhorar a vida do povo brasileiro”.

CLIMA E TRANSIÇÃO ENERGÉTICA — O presidente Lula também abordou a importância de enfrentar os efeitos das mudanças climáticas. “Retornei da COP28 em Dubai movido por um sentimento de grande urgência diante da questão climática. O mundo se aproxima muito rapidamente de um cenário catastrófico”, sinalizou.

“Há 30 anos, tratávamos essa questão com certo desprezo. Era uma questão de intelectuais e acadêmicos. Agora a natureza está nos chamando a atenção: dê importância porque agora as coisas vão acontecer cada vez mais rápido se vocês não respeitarem”, alertou.

Lula lembrou que a América do Sul tem a maior floresta tropical, as maiores reservas de águas e de biodiversidade do mundo. “Abrigamos duas das cinco maiores bacias hidrográficas do planeta, a Amazônica e a do Prata. O Mercosul é um espaço estratégico de coordenação também para temas globais”, afirmou, lembrando que o Brasil vai sediar a COP30 em 2025.

Para o presidente, os países da região têm muito a ensinar ao mundo em relação à transição energética e à questão climática. Lula pediu, ainda, a participação dos integrantes do Mercosul para a construção do G20, que será realizado em 2024, no Rio de Janeiro, no período da Presidência brasileira no bloco das principais economias do mundo.


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