Por Sebastião Donizete Santa Rosa

Hoje foi apresentado aos professores das escolas públicas do Paraná o modelo do Novo Ensino Médio a ser implantado a partir do início do ano que vem em nosso estado. Como era de se esperar, à base do improviso e da gambiarra, o governo Ratinho Júnior dá à luz mais um monstrengo pedagógico.

O Novo Ensino Médio é um projeto muito ruim, uma triste repaginação do tecnicismo vigente na década de setenta, menina dos olhos do caduco regime militar. Priorizando tecnologias de ensino e controles avaliativos rigorosos, os sujeitos do processo educativo, estudantes e professores, são completamente secundarizados neste modelo, negados como sujeitos históricos, ignorados em seus valores culturais, em suas representações de mundo, em suas existências subjetivas, nas relações singulares que estabelecem com os outros, consigo mesmo e com o conhecimento.

O Novo Ensino Médio, no modelo que vem sendo apresentado pela secretaria de educação do Paraná, reduz professores e estudantes a tarefeiros. O professor torna-se controlador de acessos de estudantes a plataformas e a aplicativos de ensino; os estudantes são concebidos como verdadeiros depósitos de conteúdos fragmentados e descontextualizados. Sabemos qual será o resultado disso: a exclusão do jovem da possibilidade de acesso ao conhecimento histórico sistematizado. Já vivemos isso na década de setenta, vimos o desastre que foi, enfrentamos até hoje suas trágicas consequências.

Como sujeitos responsáveis por nosso tempo, precisamos resistir ao discurso ilusionista do governo Ratinho Júnior. É papel de nosso sindicato e da CNTE denunciar mais essa aberração, orientar os educadores e os estudantes, organizar estratégias de luta e de resistência. Não é hora de conformismo, não podemos nos manter no conforto do silêncio covarde.
Se o governo Ratinho Júnior quer mesmo educação de qualidade, tem obrigação de respeitar os sujeitos do processo de ensino é aprendizagem, precisa valorizar professores, garantindo-lhes formação de qualidade e condições adequadas de trabalho. O resto é puro ilusionismo mediático.
*Sebastião Donizete Santa Rosa é professor na região metropolitana de Curitiba. 

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