Ídolo do Borussia, Ewerthon projeta duelo na Champions e comenta: “Clube prefere ser vendedor do que campeão”
O ex-atacante Ewerthon, ídolo do Borussia Dortmund, projetou o confronto do clube em que atuou por cinco anos nesta quarta-feira (13) pelas oitavas de final da Liga dos Campeões e relembrou histórias do time campeão da Bundesliga na temporada 2001/02, em entrevista exclusiva ao Torcedores.com. Ele também falou sobre a atual filosofia esportiva dos aurinegros, da qual adota tom crítico a respeito de priorizar vendas em detrimento de ser campeão.
“O clube vem seguindo a filosofia de contratar jogadores jovens e vendê-los a uma quantia astronômica quanto atingem alguma maturidade. Acho que muito por conta disso não vem conseguindo títulos recentemente, já que os grandes jogadores saem do clube no melhor momento. Houve uma grande oportunidade contra o Mainz na última rodada da Bundesliga na temporada passada, mas infelizmente o resultado não veio. Conseguiram fazer o mais difícil, que era não ganhar. Uma pena para o clube e para a cidade, já que eles vivem intensamente o clube”, aponta.
O duelo contra os holandeses do PSV, nesta quarta-feira (13), às 17h (horário de Brasília), pode colocar o Borussia nas quartas de final da principal competição europeia com uma vitória simples, em casa. Ewerthon acredita que as chances de classificação são boas, mas ressalta as dificuldades da partida. Ele também destaca seus jogadores favoritos do elenco.
“A Champions é uma competição totalmente diferente onde tudo é possível. São jogos eliminatórios, então o Borussia pode se dar bem. Tem totais condições de passar de fase contra o PSV, mas será um jogo difícil, assim como foi o primeiro. O Marco Reus é a grande referência, ele ama realmente o clube. Teve oportunidades para sair e não o fez. Vejo que ele poderia ter uma carreira muito maior se não fosse pelas lesões. O Sancho é outro que tem enorme qualidade e está de volta agora. Acho que outros atacantes podem render mais, especialmente em números. Mas o futebol de hoje exige outro tipo de entrega que às vezes não aparece nas estatísticas. O clube hoje forma time para ser vendedor, não campeão”.
Ele acredita que o clube tem optado por um projeto mais vendedor do que vencedor nos últimos anos. Mesmo assim, pondera a dificuldade que é de segurar grandes jogadores, devido às circunstâncias.
“Eu joguei com o Kehl (atual diretor de futebol). Na verdade, o trabalho dele já vem na linha do anterior, do Michael Zorc. Ele está dando sequência na filosofia aplicada no clube hoje, que é de projetar jogadores jovens para venda. Mas é difícil segurar em casos como do Haaland e Bellingham, por exemplo. Quando o atleta faz uma grande temporada e vem um gigante como Real Madrid e City e faz uma proposta na casa dos 100 milhões de euros, não tem muito o que fazer. A projeção é gigantesca para o jogador, todos iriam almejar isso. Veja o salto na carreira que Haaland e Bellingham tiveram. A qualidade deles só foi ressaltada”.
A seguir, leia outros pontos da entrevista com Ewerthon, que atuou no Borussia Dortmund de 2001 a 2005 e foi campeão da Bundesliga na temporada 2001/02, além de vice-campeão da Copa da UEFA na mesma temporada. Ele também comentou sobre a rápida passagem que teve em outro clube alemão, o Stuttgart, em 2007.
T: Na Bundesliga acredita que terminar entre os quatro primeiros é obrigação para o Borussia?
E: O objetivo principal do Borussia Dortmund atualmente é disputar a Liga dos Campeões. Precisa ficar entre os quatro. Nem só investimento garante resultado, você vê pelo Bayern, que está muito atrás do Leverkusen agora. Com o Xabi Alonso, estrutura e planejamento, o Leverkusen está nadando de braçada.
T: Qual a melhor lembrança que tem com a camisa do Borussia?
E: A melhor lembrança é o gol do título da Bundesliga.
T: Daquele time do Borussia tinham os brasileiros Evanilson, Dedê e Amoroso. O que costumavam fazer no tempo livre? Qual história legal você lembra daquela época?
E: Eu e o Dedê éramos mais unidos pois éramos solteiros na época. O Amoroso e o Evanílson não. Você acaba ficando um pouco mais isolado do que no Brasil, cada um leva a vida da maneira que deseja. Eu e Dedê também éramos companheiros de quarto, então tínhamos uma afinidade maior. Estávamos sempre juntos, íamos para cidades vizinhas e saíamos em Dortmund também.
Uma vez fomos jogar contra o Bayern em Munique e o Matthias Sammer deixou o Amoroso no banco, deixando apenas eu e o Koller no ataque. Ele disse para o Amoroso que ele iria entrar com 10 minutos do segundo tempo. Quando deu exatamente este tempo, o Amoroso saiu do aquecimento e foi correndo falar: “Você está de sacanagem comigo, não vai me colocar?”. O Sammer coloca e na primeira bola ele bate uma falta no contrapé do Kahn e faz o gol.
T: Os melhores que jogou contra e a favor na Alemanha?
E: Joguei contra o Zé Roberto, Effenberg, Ballack, Oliver Kahn… inclusive, fiz gol nele. Junto, no Borussia, foi marcante tecnicamente o Amoroso e o Rosicky.
T: E o Stuttgart? Será que chegará à Liga dos Campeões e conseguirá manter o ritmo até o fim da temporada? (está em 3°)
E: No Stuttgart tive uma passagem rápida, mas foi marcante. Tenho um carinho especial pelo clube. Acho que consegue manter entre os quatro primeiros até o fim da temporada, tem um bom projeto. A estrutura é muito boa, de primeira. Como é na cidade da Porsche, eles te pagam e você vai lá escolher uma pra você. Com aquele bom desconto, que sempre tem. Peguei uma para mim, claro.