Você vai conhecer a história de uma mulher que enfrentou a covid e outras doenças para viver o primeiro dia das mães com a filha
A história de Joselma Marreiro Spacassassi começou com o sonho de ser mãe, de gerar um bebê e acalentar o seu filho no colo. Mas uma doença congênita do marido chamada “Treacher Collins” pôs em dúvida a capacidade do casal engravidar. Segundo dados da OMS, cerca de 15% dos casais sofrem com a infertilidade, uma condição com diferentes causas que precisa de tratamento especializado. “Após um ano de tentativas de engravidar de forma natural sem sucesso, o casal deve procurar um especialista para que seja feito o diagnóstico do problema que pode estar tanto no homem quanto na mulher, ou nos dois, e o diagnóstico preciso indica a melhor abordagem médica”, afirma o especialista em Reprodução humana Dr. Alfonso Massaguer, da clínica Mae de Reprodução Humana.
O que é Síndrome de Treacher Collins?
“Casamos em 2015 e ficamos estudando a possibilidade. Em 2021 na pandemia, diante de toda a incerteza, nós resolvemos procurar um médico pra ver a nossa possibilidade de ter filhos, meu esposo fez o teste genético e ficou comprovado que tinha 50% de chance de um filho nascer com a síndrome congênita e provavelmente na forma mais grave”, relembra com angústia Joselma.
Tanta preocupação é respaldada pela medicina, já que o histórico familiar é um dos maiores riscos para o aparecimento da doença. A síndrome de Treacher Collins é uma condição de origem genética que causa malformação do crânio e face. Os olhos ficam caídos, queixo pequeno e as orelhas apresentam deformações.
Há casos em que a síndrome pode causar dificuldades para a pessoa respirar ou se alimentar. “Em casos de doenças como a Treacher Collins, recomenda-se uma FIV (Fertilização In Vitro) com biópsia embrionária para avaliar aqueles embriões com a síndrome e os saudáveis, para aí sim realizar a implantação”, explica o Dr. Massaguer.
A frustração no primeiro procedimento
Cada etapa do processo de Reprodução foi cuidadosamente monitorada pela equipe médica. Em maio de 2021, 19 óvulos foram fecundados em laboratório pelo sêmen do marido. Deste total, 10 evoluíram para blastócito e foram para a biópsia que revelou um resultado desanimador. 7 apresentavam a síndrome, dois tinham outras condições incompatíveis com a vida e apenas 1 embrião era saudável. “Foi muito frustrante e desanimador saber que depois de todo esse processo teríamos só uma chance. E precisávamos ter a segurança para fazer a implantação”, recorda.
Covid e ansiedade: Novos obstáculos
Para Joselma, esse caminho foi ainda mais difícil por conta da grave crise sanitária causada pela pandemia. Os planos de fazer a implantação foram sucessivamente adiados, primeiro porque ela pegou Covid e depois porque atravessou uma crise de ansiedade. ¨De dezembro de 2021 adiamos para janeiro 2022 quando fui contaminada pelo vírus, depois alguns meses de tratamento da ansiedade até que em maio decidimos reiniciar o processo. Mas foi verificado que o meu endométrio não tinha uma espessura suficiente para a transferência e mais uma vez foi adiada a implantação”, conta Joselma.
A persistência fez o sonho virar realidade
Em julho, novos exames foram realizados e a espessura do endométrio de Joselma tinha aumentado um pouco em relação ao exame anterior. Ainda não era o desejado, mas o casal se manteve firme no propósito de fazer a implantação e seguir o procedimento. “Meu marido e eu conversamos muito e decidimos que iríamos fazer a transferência, era nossa única chance e que se Deus quisesse teríamos nosso bebê”, se emociona.
A implantação foi realizada no dia 10 de julho do ano passado. As fichas estavam lançadas e agora era acompanhar o desenvolvimento do embrião e esperar que tudo desse certo. E deu! Joselma fez todo o acompanhamento necessário na gestação e, em 08 de abril desse ano, uma linda e saudável menina veio ao mundo para alegrar a vida da família. “Seguimos (o tratamento), transferimos o único embrião e para nossa felicidade tudo deu certo. Uma gravidez bem acompanhada e a minha bebê nasceu linda, num respeitoso parto normal”, comemora Joselma lembrando que passar o primeiro Dia das mães ao lado da filha.
Uma maratona pela vida
“Digo sempre para as minhas pacientes: os tratamentos de infertilidade são como uma maratona. Por isso, é muito importante alinharmos as expectativas (que variam caso a caso), para evitar frustrações e podermos concluir juntos a prova. Afinal, nem sempre conseguimos ganhar na primeira disputa. Em casos negativos podemos e devemos nos preparar ainda melhor, resgatar o fôlego e iniciar a corrida passo a passo”, a lição do médico que se acostumou correr junto com os casais a maratona pela vida inspirou Joselma a continuar sua luta e serve de inspiração para outras mulheres que desejam ser mães.
“Na teoria pode parecer fácil para alguns, mas, na prática, é uma caminhada bastante íngreme para outros. O importante é deixar bastante claro que cada paciente é único e especial, com as suas particularidades e nuances. Não existe padronização. O que funciona para um casal, pode não funcionar para o outro. O importante é identificar o perfil e as necessidades de cada um, para poder atendê-los individualmente”, completa o médico.
A importância de confiar no tratamento
Saber indicar o melhor tratamento entre tantas opções, e diante de tantos interesses conflitantes, inclusive da indústria farmacêutica e laboratorial, é um desafio constante para os especialistas em Reprodução, um ramo da medicina onde o estudo é quase diário. Por isso a escolha de uma equipe médica de confiança e a parceria na busca do resultado são fundamentais para quem vai se submeter aos tratamentos de Reprodução. “Nesse sentido, carrego comigo um dos lemas mais básicos: tratar o próximo como eu mesmo gostaria de ser tratado. Ou seja, com muita ética, objetividade, técnica e paciência. Feliz Dia das Mães para todas as mulheres corajosas que lutam para realizar seus sonhos. Desejo coragem para as que ainda estão no caminho e muito perto de enxergar a linha de chegada”, finaliza o especialista.
Sobre Dr. Alfonso Massaguer – CRM 97.335
É Médico pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) Ginecologista e Obstetra pelo Hospital das Clínicas e atua em Reprodução Humana há 20 anos. Dr. Alfonso é diretor clínico da MAE (Medicina de Atendimento Especializado) especializada em reprodução assistida. Foi professor responsável pelo curso de reprodução humana da FMU por 6 anos. Membro da Federação Brasileira da Associação de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), das Sociedades Catalãs de Ginecologia e Obstetrícia e Americana de Reprodução Assistida (ASRM). Também é diretor técnico da Clínica Engravida, autor de vários capítulos de ginecologia, obstetrícia e reprodução humana em livros de medicina, com passagens em centros na Espanha e Canadá.