Falta de leitos em Cascavel: mulher com suspeita de dengue é medicada no carro
A falta de leitos em hospitais públicos de Cascavel, no Paraná, tem levado a situações absurdas e desumanas. Na última semana, uma mulher com suspeita de dengue precisou ser medicada dentro do próprio carro, no estacionamento da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Tancredo Neves, por falta de vagas.
O caso ocorreu na noite de quinta-feira (23). A paciente, de 35 anos, chegou à UPA com sintomas clássicos da doença, como febre alta, dores no corpo e manchas vermelhas na pele. No entanto, ao procurar atendimento, foi informada que não havia leitos disponíveis.
Diante da situação, a equipe médica decidiu medicar a mulher dentro do próprio carro, no estacionamento da unidade. A paciente recebeu soro e analgésicos, enquanto aguardava uma vaga.
“É uma situação revoltante. A pessoa está doente, precisa de atendimento médico, e não tem onde ser atendida”, desabafou o marido da paciente, que preferiu não se identificar.
A falta de leitos em Cascavel é um problema crônico. Segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde, a cidade conta com apenas 10 leitos de enfermaria para atender casos de dengue. No entanto, o número de casos da doença tem aumentado exponencialmente nos últimos meses.
Em janeiro, foram registrados 1.200 casos de dengue em Cascavel. Em fevereiro, o número saltou para 2.500. Até o momento, já foram confirmados mais de 4 mil casos da doença na cidade.
A superlotação das unidades de saúde tem gerado longas filas de espera e atrasos no atendimento. Pacientes com sintomas leves têm ficado horas à espera de uma consulta, enquanto casos mais graves, como o da mulher que precisou ser medicada no carro, ficam sem atendimento adequado.
A situação é ainda mais grave porque a dengue é uma doença que pode evoluir para formas graves, como a dengue hemorrágica e a síndrome do choque da dengue. Sem atendimento médico imediato, esses casos podem ser fatais.
A falta de leitos em Cascavel é um reflexo da precariedade do sistema de saúde pública no Brasil. O governo federal tem cortado investimentos na área há anos, o que tem levado à redução do número de leitos e à sobrecarga das unidades de saúde.
É urgente que o governo tome medidas para resolver esse problema. A população não pode continuar sendo prejudicada pela falta de atendimento médico adequado.