Dia das Mulheres: lideranças que transformam a indústria

Valéria Loureiro da Silva é coordenadora do Centro de Competência Embrapii em Tecnologia Quântica

Embrapii destaca o trabalho de mulheres referências nacionais na liderança de projetos em inovação tecnológica no Brasil

Da tecnologia à ciência, da medicina à engenharia, as mulheres estão desafiando estereótipos e inspirando mudanças significativas. Nos corredores das instituições de ciência e tecnologia há uma miríade de mulheres liderando projetos de inovação tecnológica, trazendo novas perspectivas e soluções para desafios complexos. Suas jornadas não são apenas inspiradoras, elas quebraram barreiras de gênero e demonstraram a capacidade das mulheres de liderar e transformar indústrias inteiras.

Valéria Loureiro da Silva é uma das precursoras da fibra óptica no Brasil e, aos 60 anos, acaba de assumir mais um grande desafio para o desenvolvimento nacional. Ela é coordenadora do novo Centro de Competência Embrapii em Tecnologia Quântica, criado em 2023, com o objetivo de colocar o Brasil no mapa mundial das pesquisas quânticas, área considerada tecnologia de fronteira. Valéria, juntamente com outras pesquisadoras brasileiras, mostra que a alta capacidade feminina para a inovação tem vencido as barreiras da desigualdade de gênero para que alcancem cargos de destaque e liderança.

O Centro de Competência Embrapii em Tecnologia Quântica irá promover pesquisas que vão ajudar o Brasil a se tornar referência nacional e internacional na área. Valéria lidera uma pesquisa envolvendo segurança de dados por meio das tecnologias quânticas. “Já temos algumas pesquisas teóricas sobre o assunto, mas aplicação e experimentação ainda não temos e iremos colaborar para a área de comunicação quântica no país”.

Na prática, isto quer dizer que as pesquisas de Valéria e sua equipe contribuirão para a segurança de dados nacionais e impedirão que os ataques de hackers tenham sucesso, protegendo sistemas de informações de empresas, indústrias e locais extremamente importantes e sigilosos. Hoje em dia, são os Estados Unidos, Europa, China, Japão e Coreia do Sul que dominam este terreno. “Queremos que o Brasil se sobressaia neste quesito, também, e queremos proteger os nossos dados mais valiosos”, afirma a pesquisadora. 

Valéria é uma das pioneiras no estudo e desenvolvimento de sistemas de transmissão por fibra óptica com múltiplos canais utilizando amplificação óptica que, hoje, são amplamente utilizados no mundo. Essa experiência é importante para levar as tecnologias quânticas, que transmitem luz por fibras ópticas, do laboratório de pesquisa para o mundo.

Tamanha responsabilidade e posições de lideranças na carreira de trabalho exigiu de Valéria um rápido amadurecimento. “Quando olho para trás, percebo que tive muitos desafios em minha jornada. Do ponto de vista de ser mulher, uma coisa que precisei aprender logo cedo é a falar com bastante segurança, senão não seria escutada”, comenta.

A pesquisadora acredita que existe hoje mais consciência sobre a mulher na área da tecnologia do que na época em que ingressou no mercado de trabalho. “Sou pesquisadora desde os anos 80 e posso afirmar que hoje em dia, apesar de ainda sermos poucas na área de pesquisa, o cenário é mais promissor. Encontramos mais mulheres na área de pesquisa e de inovação, contribuindo para estudos e descobertas promissoras para a área científica do país”. 

Ela enxerga também uma diferença grande em como uma mulher se insere na pesquisa, principalmente a área dela, que considera “hardcore”, com a física, a engenharia elétrica e a engenharia de telecomunicações. “Nesses campos ainda tem uma predominância masculina. Uma das dificuldades é o estilo de comunicação e como você interage com os homens. Se você não tomar cuidado com isso, ainda hoje, deixa de ser escutada”, atesta. 


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