Colégio de São Paulo lança projeto de valorização da identidade cultural e da história dos povos originários
Atividade de alunos e professores do Colégio Marista Arquidiocesano busca trazer à memória referências importantes para quebrar preconceitos e aproximar as culturas
Os povos indígenas desempenham um papel crucial na preservação ambiental no Brasil, devido à sua profunda conexão e conhecimento tradicional da fauna e flora.
O Brasil abriga um grande número de comunidades indígenas, muitas das quais vivem em áreas de grande importância ecológica, como a floresta amazônica. Essas comunidades têm uma forte compreensão de seus ecossistemas circundantes, tendo desenvolvido relações complexas com plantas, animais e terra ao longo de milhares de anos. Como tal, eles possuem um conhecimento valioso sobre como gerenciar e proteger esses ambientes de forma sustentável, que tem sido transmitido por gerações.
O Censo Demográfico de 2022, feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontou que há cerca de 1,7 milhão de indígenas no Brasil.
Nossas Raízes
Compreendendo este cenário, os alunos do Ensino Fundamental – Anos Iniciais, do Colégio Marista Arquidiocesano, localizado na Zona Sul de São Paulo (SP), estão produzindo um projeto denominado “Nossas Raízes – Memórias, Histórias e Desafios dos povos originários”, em que irão vivenciar diferentes propostas de atividades de pesquisas, produção artística, escuta musical, apreciação de imagens e obras de arte e também conhecer a diversidade e riqueza da cultura, história e arte destes povos.
Além disso, irão refletir e discutir sobre temas como preservação ambiental, respeito à diversidade cultural, valorização dos saberes ancestrais e respeito aos indígenas.
O “Nossas Raízes” é um projeto interdisciplinar, pois envolve as disciplinas de Matemática, Língua Portuguesa, Ciências, História, Geografia, Educação Física e Ensino Religioso. Os professores do Arquidiocesano participaram de uma formação com o antropólogo Daniel Jabra, mestre em Antropologia Social pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR), que desde 2016 trabalha junto ao povo Yanomami, em iniciativas para promoção e defesa de seus direitos. Ainda, como parte integrante dessa formação, visitaram a exposição “Povos Indígenas pelo Mundo”, no MASP, e tiveram encontros com especialistas-historiadores e professores de Arte, com o objetivo de repertoriar o corpo docente para a posterior transposição didática.
Na segunda semana de março foi realizada uma “imersão” com os estudantes, visando despertar o interesse pela cultura dos povos originários e promover um maior entendimento e respeito por essas tradições tão importantes para a identidade brasileira.
Desmistificação
De acordo com Lilian Gramorelli, coordenadora do Ensino Fundamental – Anos Iniciais, do Colégio Marista Arquidiocesano, um dos pontos iniciais e fundamentais é desmistificar as representações únicas que a sociedade tem sobre o “índio”, construídas histórica e socialmente.
A professora explica que a atenção à evolução da linguagem é um processo contínuo e sensível, em que se deve respeitar as preferências e autodefinições de grupos e comunidades. “Para que os alunos, nas diversas faixas etárias dos Anos Iniciais, compreendam essa diversidade dos povos indígenas, farão uma visita a uma aldeia, para experienciarem aspectos relacionados a essas culturas. Como parte integrante de compreender a influência da cultura indígena na formação da Língua Portuguesa falada no Brasil, visitarão o Museu da Língua Portuguesa”, revela
A questão da terminologia é muito importante, especialmente quando se trata de grupos étnicos e culturais. O termo “índio” foi historicamente utilizado pelos colonizadores europeus que, ao aportarem nas Américas, acreditavam ter chegado às Índias, nome pelo qual chamavam erroneamente o continente asiático.
“Hoje em dia é preferível usar termos como “povos originários”, “povos indígenas” ou “nativos” para se referir a esses grupos, em respeito à sua história, cultura e identidade própria”. O currículo escolar deve ser um meio pelo qual podemos combater estereótipos, preconceitos, promovendo a valorização da diversidade e o respeito a pluralidade cultural”, finaliza Lilian.