Carta Aberta ao Ministro Fernando Haddad
Por Luiz Henrique Miranda
As viagens de turismo, estimuladas por eventos, negócios, saúde, gastronomia, estudo, lazer, entre muitos outros fatores motivacionais, fomentam as indústrias criativas e podem ser incrementadas de maneira estratégica – integradas às políticas de Estado voltadas ao desenvolvimento sustentável e regenerativo.
No Brasil, especialmente. Nosso território ocupa posição de liderança no ranking dos países Top 10; que possuem mais atrativos turísticos naturais e culturais. Nós contamos com recursos capazes de atrair mais turistas; para gerar mais empregos e renda, sem prejudicar o meio-ambiente.
Por meio da adoção de medidas governamentais de incentivo às viagens no país, podemos valorizar e transformar nossas matérias-primas em produtos turísticos competitivos e sustentáveis – o que aumentará a percepção de pertencimento, a autoestima e contribuirá com a superação do complexo de cachorro vira-lata.
Desonerar a folha de pessoal para todos os CNAEs contemplados pelo PERSE (Programa Emergencial de Retomada do Setor de Evento) é, portanto, missão coletiva de base comunitária, municipal, distrital, regional, estadual e federal.
Além dos ministérios do Turismo e da Cultura, as outras pastas
da administração pública precisam estar alinhadas e engajadas
ao propósito de fazer do Turismo instrumento de
conscientização e consecução de um ou mais ODSs (Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável), no menor prazo possível e da
maneira melhor alinhada às tendências do ESG.
Na ponta do lápis, ao incentivar viagens domésticas e receptivas internacionais, integradas ao cluster turísticos latino-americano, o Ministério da Fazenda do Brasil alcançará valores nominais superiores aos demandados via MP 1202.
Assegurar desoneração da folha para atividades envolvidas com planejamento, operação, distribuição e serviços receptivos aos viajantes favorecerá a quebra da informalidade nas relações trabalhistas com ganhos de escala.
Importante lembrar que a matriz do turismo inclui mais de 50 setores econômicos, segundo o IBGE.
Atualmente, o Brasil dispõe de equipamentos suficientes, mas requer mão-de-obra treinada para triplicar o atendimento de qualidade ofertado a diferenciados perfis da demanda turística doméstica e internacional.
Saibamos priorizar quantidade e qualidade!
Por isso, é preciso evitar a polarização política ideológica e apostar na harmonia entre as forças partidárias e os poderes democraticamente constituídos no País, para adoção das melhores práticas. Fundamental, também, firmar parcerias junto aos destinos turísticos latino-americanos; para nos habilitar como cluster turístico continental – a exemplo do que torna a Europa um destino almejado.
Unir esforços e promover os atrativos regionais aos diversos segmentos e nichos de mercado, com foco no aumento da chegada de turistas conscientes; de maior tíquete médio, ambientalmente e socialmente responsáveis, é pauta
estratégica, geolocalizada para o posicionamento da marca
Brasil.
Vale lembrar que o Brasil é destaque mundial no mercado de
comunicação social, com premiação para o jornalismo
empresarial e publicitário.
A economia criativa tem muito a contribuir com a promoção do turismo de lazer, entretenimento e, consequentemente, de eventos e negócios no Brasil. Planejar, com foco no desenvolvimento da indústria, comércio e serviço, requer a garantia da segurança jurídica necessária para que fundos internacionais participem cada vez mais na custosa preservação da Floresta Amazônica, por exemplo.
Ponto de partida
O ponto de partida são as viagens domésticas de intercâmbio cultural inclusivo e diverso, difusor da consciência de direitos e formador da cidadania, sem etarismo ou qualquer outro tipo de preconceito. Ao contrário: priorizando o turismo da maturidade e pedagógico de proximidade, tendo em vista a economia prateada e desafios abraçados pelas redes de ensino público, privado e do terceiro setor.
Em 2024, ano de eleições municipais, não faltarão municípios no Brasil onde prefeitos e vereadores estiverem conscientes da real importância do Turismo como vetor estratégico do desenvolvimento sustentável e regenerativo.
As atividades contempladas no PERSE respondem globalmente pela manutenção de 1 a cada 9 postos de trabalho. No Brasil, estudos comparativos realizados à época (anos 90), indicavam a proporção de 1 a cada 11. Metodologia reconhecida pelo Conselho Mundial de Turismo, OMT/ONU sinaliza a oportunidade de investir no setor como um todo.
Além de representar crescente participação no PIB, a viabilidade econômica do PERSE decorre da possível quebra da sazonalidade da demanda e do desemprego; uma vez reconhecida a relevância do Turismo como Política de Estado em sua transversalidade.
Gestão ambiental, tratamento médico-hospitalar, atividades pedagógicas, culturais, artísticas, esportivas, religiosas, comunitárias, de serviço social e o próprio comércio em geral (varejo e atacado) interagem com o Turismo.
Mais que o PERSE, interessa aos brasileiros que o Turismo (em âmbito público e privado) conte com condições isonômicas às da produção agropecuária.
Joãozinho 30 nos faz lembrar: “Quem gosta de miséria é intelectual, pobre gosta de luxo”. Ser protagonista da oferta turística latino-americana ampliará a malha de cias aéreas regionais, com reflexo no tarifários das cias aéreas regulares.
Ministros e parlamentares, o trade de turismo unido permanece aberto ao diálogo!
*Luiz Henrique Miranda é jornalista e CEO da Agência Amigo – Comunicação Integrada.