Análise: 26% dos profissionais cogitam mudar de emprego nos próximos 12 meses

Por Virgilio Marques 

A busca incessante pela produtividade no trabalho tem sido um tema recorrente ao longo da história, mas nunca tão premente quanto na era atual, marcada por desafios econômicos e transformações tecnológicas. Neste contexto, refletir sobre dados e pesquisas, sob uma ótica analítica, são essenciais para compreender e enfrentar os desafios contemporâneos dessa temática.

Descontentamento profissional: uma realidade emergente

Uma pesquisa global realizada pela PwC em junho de 2023 revelou um dado alarmante: 26% dos profissionais consideram a possibilidade de mudar de emprego nos próximos 12 meses. Esta estatística, extraída de uma amostra de 54 mil trabalhadores em 46 países, evidencia uma crise de satisfação no trabalho.

Motivos da mudança de emprego

O estudo identificou que trabalhadores propensos a mudar de empresa são frequentemente aqueles que se sentem sobrecarregados (44%), lutam para pagar as contas (38%) e, significativamente, a Geração Z (35%). Esta tendência aponta para um perfil de trabalho mais fluido entre os jovens e destaca a importância de não sobrecarregar os colaboradores e de proporcionar educação financeira para reduzir a rotatividade.

Além disso, menos da metade (47%) dos trabalhadores que consideram mudar de empregador acham seus empregos gratificantes, em contraste com 57% daqueles que provavelmente não mudarão. Isso reflete uma desconexão entre as expectativas dos trabalhadores e as realidades do mercado de trabalho.

A questão econômica e a satisfação no trabalho

Os dados também revelam que a situação econômica afeta diretamente a satisfação no trabalho. Com a desaceleração econômica global e a crescente inflação, muitos trabalhadores se veem sem dinheiro ao final do mês, levando a um aumento na procura por empregos adicionais, especialmente entre a Geração Z e as minorias étnico-raciais.

Capacitação como chave para o sucesso

Crucialmente, a pesquisa indica uma divisão na força de trabalho global entre aqueles com habilidades valiosas e bem preparados para o aprendizado contínuo e aqueles que não possuem essas competências. Essa divisão impacta diretamente na segurança financeira e na capacidade de se adaptar às competências do futuro.

Neste cenário, o desafio é claro: investir na capacitação para acessar melhores salários e oportunidades de emprego ou enfrentar a restrição a oportunidades menos relevantes

A solução para este dilema está cada vez mais acessível, graças à disponibilidade de cursos gratuitos que, mesmo introdutórios, podem melhorar significativamente a capacidade dos profissionais em se adaptar às novas tecnologias e metodologias. Tal fato elevaria sua produtividade e, por conseguinte, a qualidade das oportunidades de emprego disponíveis.

Conclusão

Os dados do estudo global da PwC ilustram claramente a conexão entre a insatisfação no trabalho e a necessidade de capacitação. 

No contexto atual, a produtividade não é apenas uma questão de eficiência, mas também de desenvolvimento pessoal e profissional. Portanto, é fundamental que tanto empregadores quanto trabalhadores reconheçam a importância da capacitação contínua como o caminho mais seguro para a realização profissional e a produtividade no ambiente de trabalho.

Virgilio Marques dos Santos é um dos fundadores da FM2S, doutor, mestre e graduado em Engenharia Mecânica pela Unicamp e Master Black Belt pela mesma Universidade. Foi professor dos cursos de Black Belt, Green Belt e especialização em Gestão e Estratégia de Empresas da Unicamp, assim como de outras universidades e cursos de pós-graduação. Atuou como gerente de processos e melhoria em empresa de bebidas e foi um dos idealizadores do Desafio Unicamp de Inovação Tecnológica.

Foto: Isaque Martins


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