A torrencial chuva de verão fustiga a cidade e a jovem senhora espera, ansiosamente, o momento em que nascerá sua primeira e única filha. Naquele 16 de dezembro de 1982, quando o sol voltou a brilhar, eis que com serenidade, os jovens pais contemplam as feições ternas de uma linda menininha, nascida em Cianorte/Paraná, considerada a Capital do Vestuário.  

Não por acaso a menina sempre gostou de se vestir bem e com um estilo original, pois o que faltava em recursos pecuniários, era abundante em imaginação. Contudo, a vida financeira dos pais não foi fácil e enfrentaram muitas dificuldades e privações para criarem sua filha, a quem deram o nome de Priscilla. 

            Muito criativa e sonhadora, Priscilla iniciou a pavimentação de seu caminho sem ter ideia do sacrifício de seus pais, afinal era apenas uma criança. Até a aquisição de itens básicos para vestir e alimentar a família era uma epopeia; o dinheiro era escasso, seus pais trabalhavam muito, no entanto, as coisas sempre corriam muito mal. Nesse ambiente, cresceu Priscilla. Uma questão ficou clara, a menina deveria estudar para tentar sobreviver com mais dignidade.  

           Ainda muito pequena, por volta dos seis anos de idade, eis que soube da existência de algo que julgou ser delicioso: mimosas bolachinhas recheadas que viu em pacotinhos. 

 Sonhava acordada com o momento em que provaria as tais guloseimas. Ocorre que esse dia nunca chegava, não havia dinheiro para luxos, somente para o estritamente necessário.  

          Como havia sido ensinada a orar, a infante Priscilla, todo dia, ajoelhava-se num tapetinho de retalhos aos pés de sua caminha simples e pedia que Deus enviasse suas bolachinhas recheadas. Criança tem pressa e sua noção de tempo é peculiar, mas nada das bolachinhas chegarem; porém suas preces continuavam, ela não desistia! Não deu outra: Priscilla adoeceu acometida de febre muito alta e sua mãe ficou desesperada.  Não havia remédio que fizesse a febre desaparecer, cedia um pouco e retornava. U 

ma senhora que morava no bairro, sabendo da menina adoentada, foi fazer uma visita e conversou com a mãe por um bom tempo. No dia seguinte, ela enviou para a menina, um pacote encimado por um laçarote, contendo bolachinhas recheadas de diversos sabores.  

Priscilla, ainda febril e fraca, pois não queria comer nada, não conteve o choro e o contentamento; havia recebido o retorno de suas orações. A alegria foi intensa, nem preciso dizer que ela sarou completamente. Quando me contou esta emocionante história, perguntei a ela se poderia escrever e publicar. Ela não só autorizou, como relatou outras passagens de sua vida que relatarei no devido tempo. 

 

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