A busca pela beleza: quando o risco se torna mortal

A busca pela beleza e a busca pela juventude eterna são desejos que impulsionam a indústria da estética a passos largos. No entanto, em meio aos avanços tecnológicos e à proliferação de clínicas e profissionais, surge um alerta crucial: a segurança do paciente. A recente morte de um homem de 27 anos, após realizar um “peeling de fenol” com uma esteticista, coloca em foco um problema grave: a realização de procedimentos estéticos invasivos por profissionais não médicos.

O Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR) tem alertado insistentemente sobre os riscos que os pacientes correm ao se submeterem a procedimentos estéticos realizados por pessoas sem a devida qualificação médica. O caso em questão, registrado como morte suspeita e sob investigação, ilustra a gravidade da situação. O “peeling de fenol”, procedimento que utiliza uma solução química potente para remover camadas da pele, exige conhecimento profundo de anatomia, fisiologia e farmacologia, além de habilidades técnicas específicas para aplicação segura.

É fundamental entender que a estética, especialmente quando envolve procedimentos invasivos, não se limita à aplicação de cremes ou técnicas superficiais. Trata-se de uma área médica que demanda conhecimento aprofundado, habilidade técnica e capacidade de lidar com as diversas situações que podem surgir durante o procedimento.

A realização de procedimentos invasivos por profissionais não médicos pode acarretar uma série de riscos, como:

  • Infecções: A falta de assepsia adequada e o uso de instrumentos não esterilizados aumentam o risco de infecções graves, que podem levar à sepse e até mesmo à morte.
  • Reações alérgicas: A aplicação de produtos químicos sem o acompanhamento de um médico pode desencadear reações alérgicas severas, incluindo choque anafilático.
  • Cicatrizes e deformidades: A falta de técnica adequada durante a aplicação de produtos químicos ou a realização de procedimentos invasivos pode causar cicatrizes profundas e deformidades irreversíveis.
  • Necrose tecidual: A utilização de produtos inadequados ou a aplicação em doses incorretas pode resultar em necrose tecidual, ou seja, a morte das células da pele, levando à necessidade de enxertos e amputações em casos graves.
  • Complicações respiratórias: A inalação de produtos químicos durante a realização de procedimentos como “peeling” pode causar problemas respiratórios severos, incluindo edema pulmonar e até mesmo a parada respiratória.

Além dos riscos à saúde, a realização de procedimentos estéticos por profissionais não médicos configura crime. A Lei nº 12.842/2013, que regulamenta o exercício da medicina estética no Brasil, proíbe expressamente a prática de procedimentos invasivos por pessoas que não sejam médicos.

O CRM-PR, assim como outros conselhos médicos em todo o país, tem atuado de forma rigorosa na fiscalização e no combate à prática ilegal da medicina estética. No entanto, a responsabilidade pela segurança e pela saúde dos pacientes também recai sobre o consumidor. É preciso estar atento aos seguintes aspectos:

  • Verifique a qualificação do profissional: Procure por médicos com especialização em dermatologia ou áreas afins, como cirurgia plástica, e certifique-se de que estão inscritos nos conselhos médicos.
  • Busque informações sobre a clínica: Verifique se a clínica é legalmente autorizada a funcionar, se possui infraestrutura adequada e se oferece condições de segurança para a realização de procedimentos estéticos.
  • Exija o termo de consentimento informado: O termo de consentimento informado deve detalhar o procedimento a ser realizado, os riscos e as possíveis complicações, além das alternativas existentes.
  • Desconfie de preços muito baixos: O preço baixo pode indicar a utilização de produtos de baixa qualidade ou a falta de qualificação do profissional.
  • Procure por um segundo médico: Em caso de dúvida ou de desconforto com o profissional escolhido, procure por um segundo médico para obter uma segunda opinião.

A busca pela beleza é legítima, mas a saúde e a segurança devem estar em primeiro lugar. A realização de procedimentos estéticos por profissionais não médicos é um risco que não vale a pena correr. A busca pela beleza não pode ser a porta de entrada para o sofrimento e, em casos extremos, para a morte.

É preciso estar atento aos sinais, buscar informações, exigir segurança e responsabilizar os profissionais que atuam nesse mercado. A beleza, como a saúde, exige conhecimento, expertise e responsabilidade.


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