23% das profissões terão modificações até 2027; como se preparar?
Por Virgilio Marques dos Santos
A transformação no mundo do trabalho não é mais uma previsão distante — ela já está em curso. Segundo o estudo Futuro do Trabalho, feito pelo Fórum Econômico Mundial com o apoio da Fundação Dom Cabral, 23% das profissões atuais devem passar por modificações significativas até 2027. Essa realidade emergente impõe um desafio, mas também apresenta uma oportunidade singular para indivíduos, empresas e, por que não, para a sociedade como um todo.
Vivemos em uma era onde o conhecimento tornou-se o novo capital. As habilidades que uma vez definiram carreiras de sucesso podem não ser mais suficientes para as carreiras do futuro. A automação, a inteligência artificial e a mudança nas dinâmicas de mercado estão redesenhando o que significa ser um profissional. Não é exagero dizer que o futuro do trabalho depende diretamente da nossa capacidade de adaptar, aprender e, sobretudo, evoluir.
Minha geração, nascida em meados da década de 80, acostumou-se a enfrentar mudanças. Quando nasci, tínhamos a televisão de tubo. Rapidamente, evoluímos para as de tubo de 29, 32 e 43 polegadas. Em seguida, a TV de plasma surgiu. Que maravilha, mas não durava muito. LCD era muito melhor e mais barato. Depois veio a TV digital, 4k, e não sei mais o que.
Esse exemplo, embora singelo, mostra que a transformação não deve ser encarada com pessimismo. Pelo contrário, a evolução do trabalho representa uma janela de oportunidades para a criação de novos caminhos, tanto para indivíduos quanto para organizações. A demanda por habilidades novas e mais complexas abre espaço para treinamentos corporativos de alta qualidade, que precisam ser vistos como investimentos estratégicos, e não como meras despesas.
Ou se adapta, ou se adapta
Para as empresas, um dos maiores desafios será manter sua força de trabalho atualizada, ágil e capacitada para enfrentar as demandas de um mercado em constante mudança. As organizações que entenderem a importância do aprendizado contínuo e investirem em programas de capacitação corporativa estarão não apenas garantindo a sobrevivência no mercado, mas também prosperando nele.
Para os profissionais, a mensagem é igualmente clara: a busca pelo aprendizado deve ser incessante. Em um cenário onde as profissões mudam em um ritmo acelerado, o conhecimento e a capacidade de adaptação serão os maiores trunfos. A evolução da carreira passará cada vez mais pela capacidade de requalificação e pela busca constante de novas habilidades, seja por meio de cursos formais, workshops, ou até mesmo da educação autodidata.
Este não é apenas um momento de transformação; é um momento de transição, que requer uma nova mentalidade. A valorização da educação e a integração de treinamentos corporativos de qualidade são cruciais para preparar a força de trabalho para os desafios que virão.
Além disso, como sociedade, temos a responsabilidade de garantir que esse futuro do trabalho seja inclusivo, equitativo e, acima de tudo, humanizado.
Em suma, o futuro do trabalho é um território desconhecido, mas cheio de promessas. Cabe a nós, profissionais, líderes e educadores, moldar esse futuro, garantindo que ele seja um espaço onde o aprendizado contínuo e a adaptação sejam não apenas encorajados, mas celebrados. Porque, no fim das contas, a verdadeira segurança no trabalho do futuro virá não de contratos ou cargos fixos, mas da capacidade de aprender, desaprender e reaprender.
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Virgilio Marques dos Santos é um dos fundadores da FM2S, gestor de carreiras, doutor, mestre e graduado em Engenharia Mecânica pela Unicamp e Master Black Belt pela mesma Universidade. Foi professor dos cursos de Black Belt, Green Belt e especialização em Gestão e Estratégia de Empresas da Unicamp, assim como de outras universidades e cursos de pós-graduação. Atuou como gerente de processos e melhoria em empresa de bebidas e foi um dos idealizadores do Desafio Unicamp de Inovação Tecnológica.